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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Não começamos bem...

entrada (nacional) com o pé esquerdo.

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(fonte da foto: sapo mag)

Não sou adepto, nem apreciador de Fado. Não tenho, sem querer levantar qualquer tipo de conflitualidade ou desrespeitar o que quer que seja, a Amália Rodrigues como referência, embora admita que possa dizer e significar algo a uma boa parte dos portugueses.
Quanto muito, pela tradição académica, ouço algum "fado de Coimbra".

Mas tenho que reconhecer que o Fado tem o mérito de traduzir muito da identidade portuguesa, de ter extravasado as fronteiras regionais/locais de uma Lisboa típica e característica e de ter conseguido superar gerações e manter-se bem vivo, ao contrário de outras expressões culturais tradicionais. São disso exemplo, nomes (os que melhor conheço, por serem os mais mediáticos e populares) como Camané, Carminho, Ana Moura, Cuca Roseta, Cristina Branco, Mafalda Arnauth, António Zambujo, Raquel Tavres. Ou ainda, Mariza, Nuno da Câmara Pereira e Dulce Pontes.
Por este "espelho", mesmo que não se goste ou não se aprecie, o Fado não é uma música ou cultura dos nossos bisavós, avós ou pais. É de hoje.

Reconheço pessoalmente que para esta realidade muito contribuiu um nome e uma personalidade - CARLOS DO CARMO - que manteve vivo e renovou o Fado (o chamado "Fado Novo", projectou-o internacionalmente com um trabalho significativo de divulgação do Fado, da música e da cultura e a língua portuguesas (foi o Embaixador da Candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade) e o primeiro músico português a conquistar o Grammy Latino de Carreira. A par da música, ou através dela, acresce ainda a sua dedicação às causas da Liberdade.

Reconheço, por tudo isso, que a cultura e a música portuguesas, em especial, obviamente, o fado, perdeu um das suas maiores nomes e referências: o Senhor e o Embaixador do Fado.

Depois de ter descansado dos palcos nos finais de 2019 que descanse agora, em paz, de uma vida intensa com mais de 50 anos de carreira irrepreensível.