Nem mais um dia normal.
25 de novembro
A frase (título) parece algo parodoxal fora do contexto e da circunstância. Mas é, somente, o plágio assumido da campanha da APAV para assinalar mais um 25 de novembro (o 23.º depois da ONU ter declarado, pela resolução 54/134, de 17 de dezembro de 1999): Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.
Enquanto o edil de Lisboa, em tiques de egocentrismo e narcisismo populista, político e ideológico, prefere reescrever a história e vestir o fato da democracia à sua medida (deixemos o resto para segunda-feira) - curiosamente, num dia em que um Congresso Estatutário do partido ao qual pertence (e ao qual sonha, um dia, comandar) aprovou a quota de 40% de mulheres nas listas - neste dia 25 de novembro é mais do que necessário e urgente não esquecer, não calar, denunciar e acusar toda e qualquer forma que atenta contra a dignidade humana e contra a vida, nomeadamente a das mulheres.
Numa altura em que pululam os extremismos e os radicalismos, não só na política, mas também na sociedade, numa altura em que, em pleno século XXI, a misoginia, o sexismo e o machismos estão, ainda, bem presentes na realidade social, faz todo o sentido, hoje e no resto dos dias, prestar a homenagem sentida às 25 mulheres que até a este mês de novembro, foram assassinadas em contexto de violência, sendo que 15 desses femicídios ocorreram em relações de proximidade e intimidade.
Mas a realidade é ainda mais preocupante se olharmos para a frieza de outros número. Dos femicídios ocorridos durante este ano, 10 mulheres tinham filhos, cinco das quais eram mães de crianças ainda menores de idade.
Segundo a Direção-Geral da Política de Justiça, até ao final do 3.º trimestre de 2023, havia 3907 detidos por crimes de violência doméstica, 2966 dos quais em prisão efetiva.
Era muito mais ético e nobre, socialmente responsável, se a discussão, neste dia (e no resto do ano, obviamente) se centrasse neste flagelo social e humano, em vez de se andar a brincar às "estórias pseudo-democráticas".
A APAV lançou uma nova campanha de sensibilização para a violência contra as mulheres.
Obrigatório (dever cívico) fazermos eco.