Nem sempre "errar é humano"
O jornal Expresso, na sua conta do Instagram divulgava uma imagem a publicitar/divulgar um conjunto de debates entre os líderes dos partidos com assento parlamentar, para as próximas legislativas de 10 de março.
Até aqui (quase) tudo bem... só que, olhando para a imagem produzida pelo Expresso, é notória a ausência de uma fotografia do líder do PCP, Paulo Raimundo (em representação da CDU).
Num tempo em que muitos se solidarizam com a causa jornalística que, à data, se foca (e bem) na crise que envolve (ainda, por exemplo, com o DN) o grupo Global Media...
Num tempo em que o jornalismo foi, pela quinta vez, fundamento para a realização de um Congresso de jornalistas...
Num tempo em que se exige e se necessita de mais rigor, profissionalismo, ética e responsabilidade profissional para combater a desinformação e o anarquismo comunicacional que as redes sociais promovem e difundem...
Num tempo em que o descrédito e as fortes críticas aumentam e se fazem ouvir em relação à comunicação social (a todo o setor, meios, órgãos/empresas e profissionais) mais consistente, sólido e rigoroso deve ser o jornalismo...
Nem sempre, e ao caso, "errar é humano". Há erros que, pela sua natureza e impacto, têm que ser muito bem explicados, muito para além de um inócuo pedido de desculpas. Porque o erro em causa não é, de todo, uma mera gralha ou um simples lapso, tal como o Expresso justificou na correção (era o mínimo) que fez da publicação. Não fora o rol de críticas partilhadas por muitos e em muitas páginas das redes sociais, o "erro" permaneceria inalterado.
Há, de facto, uma intensa crise no jornalismo, ou na comunicação social (como preferirem), e não é só na sua sustentabilidade e na sua viabilidade ou na concorrência desleal do espaço público digital (onde a própria comunicação social, paradoxalmente, se move e se alimenta)... é também, infelizmente e por "força de alguns" (pagando todos os outros), pela forma como profissionais encaram a sua função e a sua responsabilidade profissional.