O chamado 'centro-direita' radicalizou-se
Adjetivar o PS e Pedro Nuno Santos de "radicais" ao lado (ou comparando) deste PSD extremado e radicalizado é o mesmo que chamar-lhes "meninos de coro".
Esta já tinha sido a retórica usada em 2015 quando o PSD acusou António Costa de radical. Volta a ser a mesma argumentação (face à notória falta de outra) que o PSD usa, em 2023/2024, para criticar Pedro Nuno e o PS, pretendendo com isso denegrir o período da geringonça que, curiosamente e contra-ciclo, a maioria dos portugueses valorizou e ainda valoriza, pelas políticas e medidas governativas aplicadas.
E como é mais que evidente e claro que o PSD não se consegue afirmar (tanto que procurou alianças à direita que foram recusadas, restando-lhe um irrelevante CDS e um inexistente PPM... para além de um conjunto de "independentes" que se afiguraram, pelo menos nestes 8 anos últimos, mais "dependentes e ativistas" que muitos dos militantes), nem se apresentar com credibilidade suficiente para ser alternativa governativa, resta-lhe o caminho mais fácil, face à ausência de propostas e estratégia fiável e consistente para o país: radicalizar-se, extremar o seu discurso populista e demagogo e tentar junto de um eleitorado que lhe fugiu, claramente, para a extrema-direita conquistar votos que evitem o que para muitos dos portugueses é óbvio... uma governação da direita estará sempre refém do extremismo radical do Chega ou, porque não, do anarquismo liberal e social do IL.
Só os menos atentos, só os ideologicamente obcecados e sem espírito crítico e independente é que acham normal (e até louvável) a falta de coerência, de verdade, de fiabilidade e de confiança em mensagens com recurso a temas como a corrupção (logo agora, não é?) como o que aqui se descreveu - “Corrupção e falta de ética. Já não dá para continuar. A mudança está nas tuas mãos” (o mesmo "limpar Portugal" do Chega). Ou a narrativa populista e extremista totalmente desprovida de responsabilidade social (com laivos de racismo e xenofobia pelo público-alvo que pretende atingir) na qual se afirma que "Não pode ser mais lucrativo estar em casa a receber subsídios do que trabalhar", numa óbvia e declarada ameaça aos beneficiários de prestações sociais (para o Chega o mesmo que apontar o dedo a ciganos e imigrantes). Ou ainda o acenar com o fantasma do regresso ao socratismo e à bancarrota (como se não fosse o PSD o líder das promessas a tudo e a todos, sem racionalidade ou sustentabilidade financeira e orçamental, desequilibrando as contas públicas e colocando em causa a Responsabilidade Social do Estado). É, aliás, o PSD o rei dos "leilão eleitoralista". Lá está... tal como o Chega. E nem precisamos de falar em vouchers que são os "coveiros" do SNS ou o aleatório 15.º mês que só chegaria ao bolso dos que menos precisam. Só como exemplos.
Mas vamos às duas últimas narrativas surreais da paupérrima demagogia de Luís Montenegro e do PSD.
1. As prestações sociais.
Luís Montenegro afirmou, perante a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (e logo onde... enfim), que "as pessoas que não trabalham por regra… essas pessoas não podem ter rendimentos [subsídios sociais]. Não pode ser mais lucrativo estar em casa a receber subsídios do que trabalhar”. Ora, como o líder do PSD desconhece completamente a realidade e os números que pudessem sustentar essa afirmação, apontou o dedo da irresponsabilidade social perante os desempregados, nomeadamente os de longa duração, os que se viram privados (por exemplo, por questões de capacidade física) de trabalharem, aquelas pessoas que, por razões diversas, nunca conseguiram trabalho e optaram por percorrer a sua vida em casa (infelizmente, grande parte são mulheres), aqueles que (ainda bem) acolhemos mas não conseguimos dar respostas sociais e de qualidade de vida justas e dignas, etc.
Mas é muito mais fácil, aparentemente, o recurso ao chavão da extrema-direita e ao populismo radical.
2. Sócrates e a "bancarrota".
Vir falar de despesismo e desequilíbrios orçamentais perante 8 anos que recuperaram salários, cortes sociais que eram apontados como vitalícios e permanentes, aumentaram o emprego e diminuíram o desemprego, baixaram a dívida pública e equilibraram as contas, colocaram o país entre os melhores na recuperação financeira da União Europeia, numa altura em que a dívida se fixa abaixo dos 100% do PIB, e Portugal regista, em 2023, um crescimento do PIB de 2,3% (mais 0,1% ou 0,2% que o previsto segundo o OE2023 do Governo ou as previsões do Banco de Portugal, respetivamente), enquanto a média europeia foi de 0,5% e a Alemanha viu cair o seu PIB em 0,3%, este ano, entre muitos e muitos outros fatores... é, no mínimo, de uma desonestidade política inqualificável.
Uma coisa Luís Montenegro e esta recauchutada AD (tripartida em, apenas, dois) podem ter a certeza: os portugueses e o PS já há muito fizeram o "luto" da governação pré 2011 (ou pré-Troika). Mas também é um facto (e os números provam-no) que assusta muito mais os portugueses, uma grande parte dos portugueses, um regresso ao cavaquismo ou ao passismo. Isso podem, Luís Montenegro e o PSD, ter a certeza absoluta.