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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

O défice é de Centeno e não se mexe

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O Orçamento de Estado para este ano de 2018 previa um défice na ordem dos 1,1%.

Mário Centeno, não querendo defraudar as expectativas geradas em torno das suas aptidões financeiras que o levaram até à liderança do Eurogrupo, convenceu PS e Governo (e pelos vistos também Rui Rio) a reverem, em baixa, o valor do défice orçamental de 2018.

Na apresentação do Programa de Estabilidade e Crescimento 2018-2022, o ministro das Finanças fixava o valor do défice em 0,7% (significativamente menos 0,4% do valor inicialmente previsto).

Há quem entenda que o valor comporta riscos para a economia e para as finanças nacionais; há quem ache que o valor é importante para a consolidação das contas públicas; há quem questione os meios para atingir este fim (cativações, impostos indirectos, carga fiscal elevada, etc.).

E há, igualmente, quem tenha ficado "gelado" com as declarações de Mário Centeno: BE e PCP reagiram e vieram a terreiro tecer algumas críticas e deixar hipócritas avisos. Já o PS gelou e regelou em silêncio.

Mais do que concepções técnicas financeiras ou engenharias orçamentais, a apresentação do Programa de Estabilidade trouxe a público uma surpreendente posição política do Governo: a crítica explícita à governação de José Sócrates e um reconhecimento ao PSD pela gestão do país durante o difícil (e incomparável) período da Troika que deu origem a enormes e colossais sacrifícios dos portugueses, das famílias e das empresas, mas que permitiu à actual governação socialista chegar às metas orçamentais apresentadas.

Mário Centeno não podia ser mais esclarecedor e tão claro como a água:

“Não podemos deixar que os mesmos erros do passado sejam cometidos. Não temos memória curta. Sabemos o que custou aos portugueses sair do pesadelo e não seguiremos esse caminho”. (...)
“Se há alternativas? Há, mas essas corresponderiam a um regresso ao passado, em que o país enfrentou o risco de sanções, em que um em cada cinco portugueses estava desempregado, em que os investidores nos rotulavam de lixo, em que bancos ruíam e ruía a confiança no sistema financeiro.”

O ministro das Finanças não esqueceu, antes pelo contrário, a realidade a que o país chegou em 2011 e o percurso que todos percorrermos nos quatro anos seguintes para regressar à estabilidade agora assegurada, mas, de todo, garantida.