O Estado a que isto chegou... 2 que fossem já seriam demasiados
Há diversas modalidades de Estado. O Estados Social, o Corporativo e o estado a que chegámos (Salgue
A propósito de uma pseudomanifestação, liderada pelo partido Chega que pretendeu afirmar que "Portugal não é Racista" e que teve lugar ontem (27 de junho), na Avenida da Liberdade e na Praça do Comércio, em Lisboa.
Só me surge na memória um nome e uma imagem, mais que históricas, da nossa Liberdade: SALGUEIRO MAIA.
(crédito da foto: Alfredo Cunha)
Os números variam (nos registos e nas opiniões) entre uns 600 a 1.300 apoiantes na tal concentração de ontem. Há quem entenda que foi uma calorosa decepção e falácia. Pessoalmente, um cidadão que fosse a acompanhar o racista, xenófobo, populista e extremista líder do partido seria um manifesto exagero. Portanto... foram demasiados e desnecessários.
Mas há ainda algumas notas que são importantes em relação ao acontecimento.
1. O facto de haver o argumento "não há racismo", que sustenta a realização de uma manifestação/concentração de rua, revela muito da incoerência. A verdade é que há racismo e xenofobia em Portugal. Aliás basta recordar o estudo da European Social Survey que revelou (curiosamente), ontem, que 62% dos portugueses manifestam alguma forma de racismo, xenofobia e preconceito. Para estes, existem grupos étnicos ou raciais, por natureza, mais inteligentes e mais trabalhadores, e, também, culturas mais civilizadas do que outras.
Para se poder combater e contrariar uma realidade há que ter a coragem de não a negar. Há racismo em Portugal!
2. Bastaria, obviamente, recordar todo um percurso público de André Ventura antes de ser e enquanto deputado, nomeadamente no "repatriamento" de Joacine, nas inúmeras referências à etnia cigana e no choque mediático com Ricardo Quaresma ou em relação à crise dos refugiados.
2. A Liberdade de Expressão e de Opinião não são um direito absoluto. São importantes, fundamentais, mas limitados, por exemplo, quando negam e colocam em causa os Direitos, Liberdades e Garantias, como o princípio da universalidade, o princípio da igualdade ou o valor da integridade pessoal.
3. A Constituição da República Portuguesa (última revisão de 2005) é clara no ponto 4 do artigo 46.º: «Não são consentidas associações armadas nem de tipo militar, militarizadas ou paramilitares, nem organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista».
Promover uma manifestação (para além dos propósitos político-partidários ou para anúncio de candidatura presidencial) para reafirmar não haver racismo em Portugal apontando as "baterias" às minorias, é Racismo. E se André Ventura quer sublinhar esse facto, então até se pode ir mais longe: pode não haver racismo em Portugal (embora haja mesmo) mas pelo menos há racismo no Chega.
Mais ainda... quando se apontam as "armas" às minorias e se tem esta atitude (imagem) não resta qualquer dúvida:
- HÁ racismo, xenofobia e preconceito na sociedade portuguesa.
- O Chega é um partido da extrema direita, racista, xenófobo e supremacista.

