O Ministro que tutela intocáveis
Factos...
Na madrugada desta quarta-feira passada três dos cerca de vinte, repito, cerca de vinte paióis com material bélico significativo (material de guerra) foram assaltados em Tancos.
O que foi possível saber, para já, publicamente? Foram roubados dos três paióis 44 lança-granadas; quatro engenhos explosivos prontos a detonar; 120 granadas ofensivas; 1.500 munições de calibre 9 milímetros e 20 granadas de gás lacrimogéneo.
Não havia videovigilância há cerca de dois anos (num dos locais mais significativos de armazenamento militar) e a ronda foi intervalada em 20 horas de diferença.
Outros factos...
Dado o assalto especificamente aos três principais paióis, num total de cerca de vinte, e face à tipologia de armamento furtado (quantidade e peso/volume) tal não seria possível sem que tenha havido "colaboração" interna e fuga de informação.
Mas há mais...
O país estava mergulhado num verdadeiro drama, ainda sob o efeito da tragédia de Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos, a exigir respostas para inúmeras interrogações, a pedir justificações e, ainda, à espera da demissão da ministra da Administração Interna.
E não é de todo displicente esta realidade da demissão da ministra Constança Urbano de Sousa.
Se é possível, face aos acontecimentos trágicos, mesmo sem o apuramento cabal e concreto de responsabilidades fazer rolar a cabeça da ministra da Administração Interna porque não criar algo com impacto suficiente para promover uma eventual demissão do ministro da Defesa, Azeredo Lopes?
Os motivos? Com que objectivo? Nada mais óbvio... não tem sido fácil a relação da tutela com as Forças Armadas. A título de exemplo... foram os casos das recentes nomeações para os altos cargos das Chefias Militares e, principalmente, o "ataque" à honra de um dos principais pilares institucionais das Forças Armadas: o Colégio Militar.
Já lá vão 16 anos (2001) quando Jorge Coelho "avisou": «quem se mete com o PS, leva!». Parafraseando o ex-ministro socialista, é caso para dizer «(Sr. ministro) quem se mete com o Exército (ou Forças Armadas), leva!».
Mas o que os militares e muitos dos políticos se esquecem, ou querem fazer esquecer, é que em Portugal o responsável máximo pelas Forças Armadas não é o Ministro da Defesa mas sim o Presidente da República.
Ou seja... tiro e alvo ao lado, se for o caso.
(créditos da foto: Rosa Pinto - in TvEuropa)