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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Pior a emenda que o 'cianeto'...

passos coelho a rezar - foto miguel a lopes da LUSou como diz ainda melhor a sabedoria popular: "quanto mais se mexe na dita... pior ela cheira".

A propósito da polémica (grave) em torno da dívida (óbvia) de Passos Coelho à Segurança Social. Ou melhor... o lapso no pagamento da contribuição à Segurança Social (devida por força legal aprovada no tempo em que Pedro Passos Coelho era deputada na Assembleia da República) do actual Primeiro-ministro. (ver post "A culpa é (sempre) do mordomo").

Cabia a Passos Coelho, de uma só vez e de forma clara, concreta e concisa, uma explicação cabal e real aos portugueses.
Cabia à Segurança Social (ao Instituto da Segurança Social), quer ao actual presidente, quer aos anteriores (por incapacidade de cobrança da dívida) explicar as razões da ineficiência dos serviços que lideraram e lideram. Independentemente de outros procedimentos por exposição pública de dados do contribuinte e cidadão, Pedro Passos Coelho. Ou ainda, independentemente de todas as buscas, indícios e processos penais que possam surgir com a recentíssima investigação da PJ por suspeita de corrupção envolvendo altos quadros e lugares da Segurança Social. É que não vai ser fácil desviar as atenções.

Mas tão pior como as justificações pueris que foram prestadas pelo Primeiro-ministro e pelo Ministro da tutela (Mota Soares), são as tentativas de desresponsabilização política que se seguiram: Hugo Soares (PSD), no fórum TSF de ontem achou normal que Passos Coelho não tivesse pago as contribuições devida, algo também sublinhado pelo deputado social-democrata Carlos Abreu Amorim. E a cereja em cima do bolo vem pela voz do ministro da Defesa ao afirmar que considera "Passos Coelho um exemplo a esclarecer os assuntos".

É que esta afirmação do ministro Aguiar Branco mais não é do que um verdadeiro tiro no pé, sem ser necessário o recurso à memória do que foi a polémica em torno do caso Tecnoforma.

Pedro Passos Coelho afirmou, recentemente, sobre o caso que ninguém pode esperar que ele (Primeiro-ministro) seja um cidadão perfeito. O que aqui está em causa não é uma concepção de perfeição ou imperfeição, até porque perfeito, perfeito, acho que nem o Papa Francisco. Isso é uma realidade da condição humana.

O que se exige, porque em causa está a função e o papel exemplar de um Primeiro-ministro, é que se seja ético, verdadeiro, transparente, politicamente correcto. Porque tudo isto, ainda para mais no contexto político-financeiro em que o país vive e viveu nos recentes anos, não é uma questão do foro pessoal (enquanto mero contribuinte e cidadão)... é uma questão política que envolve um ex-deputado da nação, líder do maior partido (PSD) das últimas eleições legislativas, e actual Primeiro-ministro de um país resgatado, que recentemente abandonou o programa de ajustamento e que exigiu esforços épicos e heróicos à maioria dos portugueses.

Ninguém é perfeito... mas qualquer um pode (e deve) ser sério, ético, transparente, claro, cumpridor com as suas obrigações para que possa servir de exemplo no exercício dos cargos públicos que ocupa e para o qual foi mandato num claro sentido de relação de confiança entre eleitor e eleito.

Por muito menos, mas muito menos mesmo, houve demissões de cargos governativos e políticos ou abandono de candidaturas aos mesmos, em países como Suécia, Noruega ou Dinamarca (por meros euros, alguns casos na casa dos cem míseros euros). Gostamos tanto de invocar os bons exemplos dos nórdicos e de andar de "braço-dado" com o norte europeu, mas rapidamente esquecemos a sua cultura social e comportamental/cívica no que toca à coisa pública e política.

Era só isto, Sr. Primeiro-ministro. E já não é pouco... eu sei.

(créditos e direitos da foto: Miguel A. Lops - LUSA, retirado do Observador.pt)

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