Quando se deitam votos (democráticos) ao lixo
A democracia não é um sistema perfeito… aliás, é o pior sistema político, com exceção de todos os outros.
A liberdade de expressão e opinião não são direitos absolutos e, nomeadamente, não justificam tudo (nem meios, nem os fins).
A democracia, hoje, em pleno Palácio de São Bento, sofreu um rude golpe e uma condenável afronta.
E não foi para isto que o “tal” 25 de novembro de 75, que tantos (erradamente) idolatram, se fez e se cumpriu.
Garantidamente, não foi para isto que Abril aconteceu.
Quando um palhaço se muda para um palácio, o palhaço não se transforma num rei... o palácio é que vira um circo. (adaptado de um provérbio turco).
Que me perdoem os palhaços e os circos de que tanto gosto.
Mais de 1 milhão de votos deitados ao lixo. E não foi por falta de aviso.
E como se este deplorável ato não bastasse para a indignação e a condenação, o próprio princípio é de um aberração populista inaceitável.
Primeiro, os salários não são aumentados. Depois de todos os cortes extraordinários que foram aplicados até ao final do período da Troika terem sido revogados (repostos), apenas os políticos (Assembleia da República, Governo, Autarquias Locais...) mantinham, inexplicavelmente, o corte extraordinário dos 5%. É esse corte que o Orçamento do Estado elimina, por uma questão de justiça e equidade.
Segundo, os membros desse tal ajuntamento que ocupam, infelizmente, um espaço de 50 lugares no Parlamento e que a democracia e a ética política reivindicam, deveriam ser obrigados a publicitar, mensalmente, as suas "folhas de vencimento" para que os portugueses possam confirmar se afinal abdicaram, ou não, da revogação do corte dos 5% nos seus vencimentos.