#Somos JN
pela dignidade do jornalismo e dos jornalistas, pelo seu papel na democracia
Há alguns meses a TSF silenciava a sua voz durante um dia, como forma de protesto dos profissionais daquela rádio.
Hoje é o Jornal de Notícias que não saiu para as bancas, pela primeira vez desde 1988 (há 35 anos), pelos mesmos objetivos: pelo JN (por extensão, pelo grupo da Global Média), pelo jornalismo e pelos leitores. E sem qualquer constrangimento, porque não, pelos próprios jornalistas. Até porque esta tem sido um luta transformada em movimento cívico #SomosJN (onde se integrou, entre outras campanhas e alertas, esta petição que já recolheu, até hoje, 5.740 assinaturas em cerca de uma semana) após o anúncio, há algumas semanas, do despedimento coletivo de cerca de 150 profissionais do GMG (JN, DN, TSF, Jogo, Dinheiro Vivo, Notícias Magazine, Delas, N-TV, Motor24, Men's Health, Women's Health e Açoriano Oriental).
É inquestionável o reconhecimento e o mérito do peso histórico do JN (135 anos) no jornalismo, na informação, na democracia, na liberdade e, independentemente da sua dimensão nacional, no contributo para o desenvolvimento de toda a região Norte e Centro do país.
O JN é, indiscutivelmente, uma das maiores referências do jornalismo e da comunicação social nacional.
A anunciada negociação urgente para o avanço entre 150 a 200 rescisões (no caso concreto do JN serão cerca de 40, num universo - entre Porto e Lisboa - de 90 profissionais) e a necessidade de promoção de uma reestruturação para evitar uma previsível falência do grupo Global Media, independentemente do resultado final e prático dessa reestruturação significará, muito provavelmente, o fim do Jornal de Notícias. Algo que nos traz à memória duas "marcas" também elas históricas para uma região e para o país: o "Comércio do Porto" e o "Primeiro de Janeiro".
Sabendo, e sendo mais que incontestável, a importância e o papel do jornalismo, livre, ético, responsável e credível, para a consolidação dos valores da democracia, da república e de um Estado de Direito, este não deixa de ser um contexto que mereça uma reflexão nacional e urgente sobre o jornalismo, o papel do jornalista, que informação temos e precisamos, o rigor, isenção e transparência da informação, a diferenciação necessária entre "interesse público" e o "interesse do público", a relação da sociedade com a informação/comunicação social. Até porque estamos às portas de um novo Congresso dos Jornalistas que deveria, para além das óbvias e naturais questões setoriais e corporativas, deveria encontrar espaço para abrir as suas portas a uma participação mais abrangente, nomeadamente do principal foco da profissão: os cidadãos. Sem leitores, espetadores ou ouvintes não é preciso jornalismo... assim como sem jornalistas, não há informação.
Tudo isto sem desviar do essencial: a solidariedade total para com os profissionais da Global Media, em particular (neste momento) com os do Jornal de Notícias.
É, por eles, e por nós enquanto cidadãos e sociedade informada que importa transcrever parte do texto que introduz a petição #SomosJN e que espelha o sentimento e o apelo dos profissionais em luta pela sobrevivência da história e da referência do jornalismo em Portugal. E, naturalmente, com toda a legitimidade e com todo o direito, em defesa do seu trabalho, do seu sustento profissional, como qualquer outro trabalhador em qualquer outra circunstância.
#Somos JN - Em defesa do Jornal de Notícias, do jornalismo e das pessoas.
Pela causa do "Jornal de Notícias".
Um jornal de causas, com 135 anos de história de proximidade e de ligação às pessoas. Uma história sobre e para o país, como tantas, mas contada a partir do Norte e do Porto, como mais nenhuma. Agora sob ameaça.
#Somos JN - o megafone que dá voz a milhares de pessoas que estão demasiado longe do centro de decisão e dos poderes. Um jornal que é guardião da pluralidade e a salvaguarda de um país mais coeso e democrático, mais unido na sua diversidade. Com um alcance que chega a todos os concelhos do país e às comunidades emigrantes pelo mundo todo.
#Somos JN - um jornal que denuncia, que alerta, que ouve. E que resolve. Porque abre janelas para muitos a quem se fecham portas, porque aproxima os que precisam de ajuda e os que a podem dar. Casos individuais, de norte a sul, como o de Elisabete, de Gondomar, que se deitou numa cama após cinco meses a viver num carro; ou de Fernando, do Algarve, que venceu a burocracia que o impedia de tratar um cancro. E casos coletivos, como as famílias de Ribeira de Pena [terra natal da minha mãe, já agora] afetadas pela barragem de Daivões, que conseguiram habitações quando a solução passava por contentores; ou o drama das crianças do Joãozinho, que deixaram de fazer quimioterapia num corredor. Não só, mas também, graças à força das palavras do JN, no papel e no site.
Talvez por estar sempre próximo dos outros, o "Jornal de Notícias", mesmo nestes conturbados tempos para a Imprensa, apresenta anualmente resultados positivos, na ordem dos milhões de euros, e há muitos anos que se afirma nos lugares cimeiros do online. Mesmo com este capital económico e patrimonial, as pessoas que o fazem e que o leem, o JN não é uma prioridade para a nova administração do Global Media Group (GMG).
A administração comunicou, (…), a intenção de proceder ao despedimento de cerca de 150 pessoas, das quais 40 na redação do “Jornal de Notícias” - que entre a sede no Porto e a delegação de Lisboa tem cerca de 90 profissionais. Um corte desta dimensão será a morte do JN como o conhecemos e a destruição da ligação centenária às pessoas, às instituições e aos territórios. Se esta impensável decisão avançar, o título até pode sobreviver mais um ano ou outro, mas nunca será capaz de continuar a fazer a diferença.
Enquanto pessoas que amam a liberdade de Imprensa e todos os dias lutam por ela, quisemos dar-lhe a conhecer esta nossa imensa ansiedade e tristeza, por sentirmos que a machadada que parece estar a caminho do JN poderá ter também consequências numa região, num país e nos milhares de pessoas que diariamente confiam em nós para estar informados e para se fazerem ouvir.
Solidariamente (e por uma causa nacional) #SomosJN