Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.
Longe vai, felizmente, o tradicional castigo escolar das costas voltadas para a sala e virado para a parede (com ou sem as respetivas “orelhas”). Mais do que servir como exemplo, era o recurso à humilhação como corretivo pedagógico. Também há poucos dias a dignidade humana e o país foram humilhados, embora, neste caso, sem qualquer sentido aceitável de correção ou de exemplo. Apenas a humilhação dos mais frágeis, a superioridade do poder pela força, uma condenável e (...)
(captura técnica, in jornal Expresso) São diversificados e inúmeros os contextos em que se defende e proclama o que deveria ser, em si mesmo, óbvio e natural: a vida e a dignidade humana. A realidade demonstra que a assunção da “nossa verdade” e dos “nossos valores” como únicos omite o inquestionável e irrefutável: o respeito pelo outro como igual, desde que nasce até que morre. Ciclo que, excluindo o próprio, ninguém tem o direito de quebrar. Nada justifica ou (...)
A Assembleia da República rejeitou, por esmagadora maioria (com exceção para o proponente Chega), a iniciativa parlamentar da extrema-direita (Projeto de Resolução n.º 263/XVI/1) para apresentação ao Presidente da República de uma proposta de referendo sobre imigração, prevendo a introdução de quotas anuais de entrada de imigrantes em (...)
Sejamos claros… são vários os estudos e os dados que há muito desfazem o mito populista: não há relação direta entre imigração e violência ou insegurança. É pura mentira e ficção ideológica que os imigrantes “usurpam” serviços de saúde, “roubam” emprego, recursos orçamentais e benefícios sociais sem que contribuam para tal. O Relatório Estatístico Anual de 2023 da Segurança Social demonstrava que as contribuições sociais dos estrangeiros ultrapassaram os (...)
Entende-se por notícia o relato de um acontecimento factual, novo ou que introduza novidade relevante sobre um facto existente, de interesse público (distinto de “do interesse do público”), sustentado no rigor, na clareza, na objetividade e na imparcialidade, cumprindo requisitos e regras do género jornalístico (nomeadamente, a resposta às 5 ou 6 questões básicas) e as normas éticas e deontológicas profissionais. Ao título de uma notícia cabe despertar a atenção, (...)
(crédito da foto: Rodrigo Cabrita, in CNN) Na semana passada, a AIMA divulgou dados provisórios de 2023: 1.040 milhões de estrangeiros em Portugal. Numa Europa a braços com uma realidade com a qual tem dificuldade em lidar (em 2023, mais de 2.500 pessoas morreram no Mar Mediterrâneo e mais de 190 mil pessoas chegaram, por via marítima, ao sul da Europa - Itália, Grécia, Espanha e Malta – oriundas das rotas migratórias que confluem na Argélia, Líbia, Tunísia e Marrocos, (...)
Logo no início dos trabalhos parlamentares desta legislatura, o Presidente da Assembleia da República, Aguiar-Branco, que para ser eleito precisou da almofada do PS, já que os seus “amigos” do Chega, como quase sempre, roeram a corda ao PSD, esteve muito preocupado com o tratamento nas intervenções: eliminando o “tu” ou o “você”, em benefício do "senhor deputado" ou "senhor presidente". Ora, o mesmo Presidente da Assembleia da República, 50 dias depois de ser eleito (...)
A propósito do condenável e abominável recente ataque aos imigrantes que habitavam (e dormiam) na zona da praça Campo 24 de Agosto, na Freguesia do Bonfim, no Porto, é inquestionável o que tantas vezes aqui já referi e que muitos preferem não querer ver ou querer assumir. Mas não há como não o dizer, mais uma vez: há racismo em Portugal. Há racismo endémico, enraizado na sociedade e nas estruturas/instituições e na política, seja por razões ideológicas, seja por (...)
Publicado na edição de hoje, 6 de maio, do Diário de Aveiro. Há sempre a tentação de reescrever a história cada vez que a revisitamos. Mas é igualmente verdade que a história deve ser assumida com frontalidade e com responsabilidade e que o reconhecimento dos erros cometidos (e que serão sempre herdados na evolução da própria história) é sinal de elevação, respeito e dignidade. Tal como disse Marcelo Rebelo de Sousa, varrer os erros da nossa história para debaixo do (...)
Depois de várias considerações, avaliações, pressões públicas e jurídico-constitucionais, a manifestação "Contra a islamização da Europa", de acordo com o DN, vai realizar-se no Largo Camões, após o Tribunal Administrativo de Lisboa ter validado a decisão da Câmara (...)
Tenho um enorme respeito e uma elevada consideração por António Barreto, sociólogo, político e ex-ministro do I Governo Constitucional, que enfrentou, de forma superior, o processo da Reforma Agrária (para desencanto de alguns). Muito raramente tendo a discordar ou, por norma, "bebo" cada uma das suas palavras. Mas nem sempre. E hoje é um desses contextos. No seu artigo de opinião semanal no jornal Público (versão paga - 27-01-2024 - "Prova de Fogo" (...)
Publicado na edição de hoje, 26 de dezembro, do Diário de Aveiro (página 5) A migração/imigração não deveria ser um tema fraturante, nem polémico. E muito menos uma questão ou um problema. Qualquer Estado de Direito, ou qualquer democracia ou sociedade consolidadas, deve assumir como alicerce e valor o reconhecimento do princípio universal que determina a livre circulação de pessoas, o direito à escolha onde viver e o seu acolhimento em dignidade (artigos 2.º e 13.º da (...)
Premissa: não há direitos absolutos (exceto o direito à vida e, mesmo esse, tem algumas reticências). O que significa dizer que liberdades também não (ou muito menos). No entanto, a liberdade de informação (mais do que a própria liberdade de expressão) ganha um peso relevante nas diferentes dinâmicas da sociedade, e, por maioria de razões, num Estado Democrático e de Direito, sendo, por isso, de extrema importância a sua defesa e valorização. Mesmo que em pleno confronto (...)
(crédito da foto: Mário Cruz / LUSA, in SIC online) Premissa... Embora discordante das inúmeras, para não dizer quase todas, opções políticas do agora Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, não deixo de lhe reconhecer e respeitar a lucidez, perspicácia, frontalidade, sagacidade e astúcia política. Mesmo nos momentos em que assumiu e vestiu a pele de "trauliteiro político", em defesa das convicções e estratégias partidárias ou governativas. Aliás, (...)
(crédito da foto: Stephen Voss/Redux/eyevine, in "Newstatesman") Morreu, aos 90 anos, o Arcebispo anglicano Desmond Tutu. Figura ícone da África do Sul e de toda a África Austral, foi, depois de Nelson Mandela (ou a seu lado), uma das vozes mais contestatárias do apartheid e da exclusão racial, não só naquele país, como no Mundo. Mas não só... politicamente sempre "incorrecto" - o que, desconstruindo, significa ser-se directo, firme nas convicções, independente nos actos, (...)
o pior que a política pode ter são momentos de avestruz...
mparaujo
(créditos das fotos: Tiago Sousa Dias) É conhecido a expressão popular "fazer como a avestruz e enterrar a cabeça na areia" (fingindo não ver nada, alheando-se das adversidades... mesmo que tal afirmação não corresponda à realidade da sua natureza animal). Mas é esta a analogia e a alegoria populares. Na política, esta realidade é o pior dos seus mundos, criando um sentimento público de incoerência, de falta de responsabilidade e de ausência de identidade ou personalidade (...)
a luta, constante, pela Defesa dos Direitos Humanos ficou mais pobre
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A responsabilidade cabe a cada um de nós: os Direitos Humanos são universais, são o valor colectivo mais precioso que a humanidade possui. Limitá-los, significa menosprezar e desvalorizar o "outro", desprezar o valor da dignidade humana. Indiferença e alheamento é o espelho da incapacidade de sairmos da nossa "bolha" de conforto social. As causas e o quotidiano social produzem, historicamente, símbolos. Pessoalmente, aos símbolos prefiro acrescentar as Referências... aqueles que (...)
Há diversas modalidades de Estado. O Estados Social, o Corporativo e o estado a que chegámos (Salgue
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A propósito de uma pseudomanifestação, liderada pelo partido Chega que pretendeu afirmar que "Portugal não é Racista" e que teve lugar ontem (27 de junho), na Avenida da Liberdade e na Praça do Comércio, em Lisboa. Só me surge na memória um nome e uma imagem, mais que históricas, da nossa Liberdade: SALGUEIRO MAIA. (crédito da foto: Alfredo Cunha) Os números variam (nos registos e nas opiniões) entre uns 600 a 1.300 apoiantes na tal concentração de ontem. Há quem entenda (...)
(créditos da foto: Nuno Fox, Expresso) Se há momentos em que Sophia de Mello Breyner Andresen ganha um dimensão ainda maior do que a (merecidamente) tem, esses momentos são os de agora, os dos últimos acontecimentos e dias. Ressoam na memória partes do poema "Vemos, Ouvimos e Lemos" (penso que de janeiro de 1969), bem como uma "velha frase batida", com pelo menos 36 anos: «a história nunca pode ser travada" (MCE - Movimento Católico de Estudantes). Vemos, ouvimos e lemos Não (...)
ser intolerante com a tolerância. Um texto contra o racismo e por um jornalismo com identidade.
mparaujo
Desde o final da semana passa e durante todos estes primeiros dias de junho, a morte do afro-americano George Floyd relegou para segundo plano a "cansável COVID-19". A agenda pública trouxe, infelizmente pelos piores motivos, a questão do racismo, alargado à xenofobia, à homofobia, à igualdade de género, aos migrantes e refugiados. Das várias leituras sobre a questão, há três contextos que me mereceram particular atenção: a existência (sempre houve) de racismo e xenofobia em (...)