Um rumo... um caminho certo.
(crédito da foto: Daniel Rocha / Público)
São infundadas e levianas as considerações que muitos fizerem sobre esta impactante imagem captada pela objetiva do fotojornalista do jornal Público, Daniel Rocha.
Desde os mimos "um homem só", "sem passado e sem futuro" até ao já desgastado chavão da "incompetência", tudo serve para a crítica.
Mas a verdade é que a foto tem um simbolismo político que desarma.
É mais que óbvio que o caminhar de Pedro Nuno Santos tem um objetivo claro: não esquece o seu passado ministerial, não esquece os projetos e a obra feita nas infraestruturas e mobilidade.
Mas mais... tem a firmeza da certeza do caminho, do percurso que é preciso percorrer, do rumo e de um objetivo. Não vacila, não se desvia, está "carrilado".
Esta é uma semiótica perfeitamente eficaz para se tornar bandeira política e eleitoral.
E se quisermos entrar pela objetividade do contexto - a ferrovia - então basta lembrar o que disse e escreveu, no jornal I, há pouco mais de 2 anos (ainda Pedro Nuno Santos era ministro), um dos mais destacados dirigentes do PSD e Presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras.
A Linha de Cascais da CP, por seu turno, era um desastre à espera de acontecer. A Linha era um exemplo de falência do modelo ferroviário em Portugal: uma infraestrutura obsoleta, estações desconfortáveis, descontinuidade de serviço, carruagens com mais de 70 anos. Resultado: a perda de 20 milhões de passageiros em 20 anos. (Quando a circulação na baixa de Lisboa está interdita a carros com matrícula anterior a 2005, não deixa de ser irónico que todos os dias ainda entrem na capital comboios anteriores a 1950.)
A decadência da Linha deveu-se a décadas de desinvestimento e ao descarrilamento de todas as promessas e de todos os planos de diversos governos. Rosa ou laranja, todos tinham culpas no cartório. Ainda que nenhum ministro tivesse sido individualmente responsável pelo estado a que a linha tinha chegado, todos eram coletivamente cúmplices pela sua lenta degradação. Todos falharam aos cascalenses, oeirenses e lisboetas que têm na Linha uma solução de mobilidade para o emprego, para a universidade ou simplesmente para fazer a sua vida. Todos, menos um. Pedro Nuno Santos.
Conheci, nesta minha jornada como presidente de Câmara, três primeiros- ministros de quatro governos e cinco titulares da pasta das obras públicas e transportes. Todos fizeram promessas, lançaram grandes planos e assumiram compromissos. Uns andaram para a frente. Outros andaram para trás. Só um fez: Pedro Nuno Santos.
Ainda há quem chame a isto incompetência ou impreparação... só mesmo nas fantasias políticas, por exemplo, de um aviltante Cavaco Silva.