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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Uma eleição... 3 derrotados e 1 vencedor

As legislativas mais difíceis dos últimos anos, foi, afinal, um passeio-alegre

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Não há uma outra leitura possível dos factos. Ou, se houver, é apenas mera retórica de derrota ou demagogia ideológica (há quem, historicamente, nunca perca as eleições).
PSD, BE e PCP e a Direita são os grandes derrotados das legislativas de 2022. Mesmo ainda com a incerteza, o fio-da-navalha, se PS tem ou não maioria absoluta. A margem é mínima e será muito indiferente se for necessário juntar os mandatos de PAN e/ou Livre.

No caso do PSD, apesar da probabilidade do aumento do número de votos expressos e do inquestionável esforço de Rui Rio e da estrutura nacional, a derrota é evidente e duplamente penalizadora. Ficou aquém da proximidade ao PS e longe dos dados das últimas sondagens e, não menos relevante, não conseguiu igualar o feito do PS, ou seja, recolher o voto útil à direita que lhe permitiria atingir, de forma plena, os objectivos traçados - ganhar as eleições. Há apenas um pequeno pormenor com algum sabor adocicado: o centro político do país saiu, de facto, reforçado nestas eleições, com, obviamente, o contributo social-democrata - quase 75% dos votos.
Quanto ao futuro de Rui Rio, o próprio fará a legítima e pessoal reflexão. Mas não será nenhuma surpresa que a "adormecida" oposição interna não venha, muito rapidamente, voltar à carga e regressar ao combate interno que marcou os últimos 3 anos da história do PSD.

Juntando, aqui, BE e PCP - pela responsabilidade, em parte, na crise, no fim da geringonça e pela semelhança dos resultados, são os maiores perdedores destas eleições (juntando a "irrelevância política" conquistada pelo CDS). Não só tiveram uma queda abrupta e inesperada, quer em votos, quer em mandatos, mas é evidente que houve uma inquestionável transferência de votos para o Partido Socialista, o que significa que o eleitorado à esquerda não quis uma repetição da geringonça, nem teve qualquer receio quanto ao "fantasma" da maioria absoluta. E essa foi a evidente resposta e maior derrota do BE e do PCP.

Outra derrota significativa e evidente cabe à Direita. A recusa do voto útil no PSD como forma de contrariar a vitória do PS e de um parlamento que se mantém de Esquerda, não pode, nem deve, ser descurada na análise legislativa. Tendo em conta os discursos claros da IL e do Chega de quererem afastar o socialismo do Parlamento e do poder na Política Nacional, a verdade é que falharam estrategicamente. Não só o país, como o parlamento, mantêm-se à esquerda, como o Partido Socialista se manterá no governo por mais 4 anos. Factos mais que suficientes para tornar o aumento de eleitorado e da representação parlamentar numa vitória com sabor amargo.