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Debaixo dos Arcos

Espaço de encontro, tertúlia espontânea, diz-que-disse, fofoquice, críticas e louvores... zona nobre de Aveiro, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontravam e conversavam sobre tudo e nada.

Universidade de Verão PSD a dar palco a barbaridades políticas

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Hugo Soares é, desde há vários anos, o espelho do pior que os partidos têm no que respeita a incompetência e desonestidade políticas. Isto sem esquecer a ausência de ética democrática e, também, política, tantas vezes manifestada no seio do próprio PSD, no qual ele sobrevive à custa do “carneirismo” e da devoção a algumas lideranças, como as de Passos Coelho ou Luís Montenegro (basta lembrar os episódios com Rui Rio, após 2015). Só superado por Paulo Rangel, um dos políticos mais desdenháveis nestes 50 anos da democracia e que dificilmente encontra paralelo na extrema-direita e na esquerda radical.

Em momentos relevantes e estratégicos, sem se rir, Hugo Soares é autor das maiores barbaridades discursivas e das afirmações políticas mais surreais que consigamos imaginar. Mas, pelo menos, tem a particularidade, mesmo que demasiado repetitiva, de surpreender.

Ontem, 26 de agosto, no arranque da edição deste ano da Universidade de Verão do PSD para a JSD, em Castelo de Vide, Hugo Soares, agora Secretário-Geral do PSD (longe vão os tempos da “jota”), afirmava, com a maior das convicções dogmáticas partidária (e, mais uma vez, sem se rir): “que orgulho eu tenho num Governo que não obriga as mulheres grávidas, em Portugal, a andarem a bater com o nariz na porta dos serviços de urgência e obstetrícia”. E acrescentava, deveras empolgado e fervoroso: “nós hoje damos essa informação para que as mulheres não andem perdidas no território nacional e não passarem o vexame de irem a uma urgência e esbarrarem com o nariz na porta”.

Numa democracia e num Estado de Direito o garante da liberdade de expressão e opinião (que não é um direito absoluto e ilimitado) é fundamental, permitindo, a cada cidadão, expressar a sua opinião e pensamento.
O que não pode permanecer incólume, sem ser julgado, criticado e condenável é esta tentativa abjeta do Hugo Soares querer, mais uma vez, fazer dos portugueses, ou da maioria dos portugueses, (e espera-se, também, que de muitos ‘alunos’ da JSD com alguma massa crítica) ignorantes e ingénuos ou que “comem gelados com a testa”.

Primeiro, mapas das urgências ou as escalas de urgência do SNS já eram publicadas e divulgadas no anterior governo.
Depois, importa recordar o que tem sido a realidade e os vários acontecimentos recentes.
Dois dias antes, apenas dois dias antes, era notícia o aumento bem significativo do número de partos em ambulâncias (que andavam ‘perdidas’ no território): só em julho, os bombeiros contabilizaram 13. No próprio dia 26, “grávida com vómitos e tensão alta encontra urgência de Leiria encerrada”. Ou, ainda, “a falta de urgências nas maternidades levou uma grávida, em trabalho de parto, de Torres Vedras até Coimbra, 170 km e 6 horas depois”. No dia 19 ou 20 de agosto, “com a maternidade de Portimão encerrada, grávida dá à luz na Via do Infante”.
Em julho deste ano, dados do SNS, o número de serviços de urgência de pediatria e obstetrícia aumentou 305%, em relação a igual período de 2023. E as urgências fechadas, em iguais períodos homólogos, aumentaram 40%.
No início do mês, 5 de agosto, "Grávida com aborto espontâneo vê negada assistência no Hospital das Caldas da Rainha".

Mas para travar já, em parte, a narrativa do “sacudir a água do capote” em relação à governação anterior, em junho de 2022, mesmo no final (e ainda no rescaldo) da pandemia, António Costa reconhecia, sem qualquer orgulho político ou tentativa de manipular a realidade, que o' país enfrentava uma situação grave nos hospitais e que havia problemas estruturais na Saúde'. O que, depois, daria origem à decisão governativa de criar a Direção Executiva do SNS e nomear Fernando Araújo, cujo trabalho e reforma iniciados foram, intempestivamente, interrompidos, apesar dos vários apelos (fora do universo político-partidário) de estruturas e personalidades o setor para a sua continuidade.
O que, à data, diga-se, sem qualquer tipo de constrangimentos, até me deixou algumas interrogações quanto à missão e visão desta estrutura. Dúvidas desfeitas no tempo.

Provavelmente, está na altura de Hugo Soares, provavelmente, trocar de posição e regressar aos bancos da “universidade laranja”.
É que nem um verão demasiado “silly” pode ou deve desculpar tudo.

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