Zelensky, o 'Magno'
449 depois da entrada, no país, das tropas invasoras russas
(fonte da foto: britannica.com)
Desde a madrugada (3:30) do dia 24 de fevereiro de 2022 que a Ucrânia, o seu povo e o seu presidente Volodymyr Zelenski, resistem, com inigualável heroísmo, à barbárie da invasão russa.
Por mais que a propaganda da Federação Russa queira disseminar um conjunto de argumentos, por si só, infundados e inaceitáveis, para justificar o injustificável, o facto é só um: há um país (Rússia) invasor, agressor e opressor que, sem uma única razão cabal e aceitável, decide atentar contra a soberania de um estado livre, contra a democracia e contra a legítima e intocável liberdade de uma nação e de um povo em escolherem o seu futuro, o seu caminho e a sua governação.
Podemos entrar na discussão da relevância que esta guerra pode ter no direito internacional, no futuro do mapa geopolítico mundial e na relação de forças políticas e estratégicas nacionais, na coesão da Europa, na NATO, na ONU, na economia global ou na própria sobrevivência da democracia. As respostas, com mais ou menos conceitos e definições, até são relativamente fáceis e óbvias.
Assim como óbvio é o resultado que podemos extrair desta guerra, mesmo que ainda se esteja longe do seu final e do sofrimento do povo ucraniano (infelizmente): o feitiço virou-se contra o feiticeiro.
Os argumentos inaceitáveis e frágeis que a Rússia defendeu, que foi ajustando ou acrescentando ao longo do tempo, mereceram muito pouca aceitação (ou praticamente nenhuma) por parte da comunidade internacional.
A estratégia planeada para esta invasão saiu completamente "furada" à Federação Russa e a Putin: das anunciadas 3 semanas, no máximo, para a conquista e ocupação do país, para a queda do governo de Zelensky e tomada de poder de uma nova governação da Ucrânia, já lá vão 449 dias de guerra e a Rússia não consegue o seu propósito, apenas matando indiscriminadamente e destruindo e arrasando território e comunidades.
O que seria, na perspetiva de Putin, um mero passeio militar pelas caminhos da vizinha Ucrânia, com a fuga do governo para o exílio e a rendição 'pacífica' dos ucranianos, tornou-se num pesadelo internacional com a rejeição e condenação da política invasora russa pela maioria dos países, com as sanções políticas e económicas a isolarem a Rússia e a 'obrigarem' Putin a estender o "chapéu" à China, com o fortalecimento das posições da NATO na Europa e o seu alargamento, bem como o apoio militar e financeiro para a defesa ucraniana. Para além de provocarem, ainda, o reforço do desejo da Ucrânia de aderir à União Europeia e à NATO
É, por tudo isto, mas fundamentalmente pelo reconhecimento e homenagem, mais que merecida, aos ucranianos, aos que resistem e aos que morreram na defesa da sua terra e das suas famílias, à resiliência e resistência que têm demonstrado, num verdadeiro exemplo quase que único de coragem e de luta pela liberdade (que ultrapassa as suas fronteiras e se expande na defesa da própria democracia e dos valores europeus) que o prémio Carlos Magno, atribuído a Zelensky e ao Povo Ucraniano é mais que merecido e justo.
Por eles, mas também por nós. Slava Ukraini!